Em uma de suas últimas entrevistas, o Papa Emérito Bento XVI não quis opinar sobre atos do pontificado do Papa Francisco. Bento XVI sabia que o Papa é Francisco e que opinar seria, de alguma forma, interferir ou causar mal estar no governo da Igreja.
Não cabe agora, depois de seu falecimento, colocar Bento XVI em oposição ao Papa Francisco. O Papa atual é Francisco, o pontificado de Bento XVI se encerrou em 2013. Quem governa é o Papa Francisco. Bento XVI sabia disso e guardou silêncio.
Jornalista: O cardeal Raymond Burke, um dos quatros autores das Dubia [dúvidas], que formularam dúvidas em relação à Exortação Apostólica Amoris laetitia [a alegria do amor], declarou em novembro de 2016 que esta criou confusão: “Produziu- se terrível divisão na Igreja, e este não é o caminho da Igreja”. O papa Francisco não respondeu às Dubia. Ele deveria ter feito melhor?
Bento XVI: Quanto às últimas perguntas, não gostaria de expressar diretamente a minha opinião, porque isso levaria muito concretamente ao governo da Igreja e, portanto, perder-se-ia a dimensão espiritual, que é minha única missão. Suponho que todos aqueles que sempre me acusam por causa de minhas declarações públicas, nestas respostas certamente achariam uma confirmação de suas difamações. Conseguintemente, só posso remeter ao que disse em minha última audiência geral pública, no dia 27 de fevereiro de 2013. Na Igreja, em meio a todas as dificuldades da condição humana e do poder desconcertante do espírito do mal, ainda se pode reconhecer o silencioso poder da bondade de Deus. Entretanto, as trevas dos tempos históricos que se sucedem também nunca permitirão simplesmente a imperturbável alegria do ser cristão […] Na Igreja e na vida de cada cristão, há sempre momentos nos quais se experimenta profundamente que o Senhor nos ama, e este amor significa alegria, é “felicidade”.
Retirado do livro Bento XVI: a vida
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