Na maior cidade do Sul do Brasil, Curitiba, uma surpresa chamada Cristina Graeml (PMB) marcou o primeiro turno das eleições municipais no domingo (6/10).
Autointitulada “cristã, direita raiz” e “única candidata conservadora” na capital do Paraná, a jornalista teve um crescimento meteórico nos últimos dias e garantiu a ida ao segundo turno em segundo lugar, na disputa com Eduardo Pimentel (PSD), atual vice-prefeito curitibano.
Na pesquisa Quaest do dia 17 de setembro, Graeml aparecia com apenas 5% das intenções de voto. O índice saltou para 21% na pesquisa seguinte, na véspera de eleição — e Graeml acabou conquistando mais de 31% dos votos na cidade.
Bastante ativa nas redes sociais, Graeml é uma jornalista conhecida em Curitiba, com atuação em veículos como a emissora RPC, afiliada da TV Globo no Estado, e a Jovem Pan News.
Até antes da eleição, ela atuava como colunista do jornal Gazeta do Povo, veículo que tem dado espaço a opiniões conservadoras e de direita.
Em um dos últimos posts nas redes sociais, Cristina Graeml apostou na popularidade de outro candidato: Pablo Marçal (PRTB), de São Paulo.
A paranense apareceu em vídeo ao lado do empresário e ex-coach, que pediu voto para a “próxima prefeita”, uma “mulher conservadora de direita”.
“Essa mulher guerreira está passando a mesma coisa que estou passando em São Paulo”, disse Marçal.
Graeml respondeu dizendo que “é uma alegria começar essa relação” e pedindo voto no ex-coach.
Esta foi sua primeira empreitada na política, após anos dedicados ao jornalismo – incluindo prêmios de relevância nacional, como o Esso e o Tim Lopes, por reportagens na RPC em que denunciou esquema de contratação de funcionários fantasmas e desvio de dinheiro na Assembleia Legislativa do Paraná, em 2010.
Em um dos episódios recentes da carreira, Cristina Graeml foi demitida da Jovem Pan, onde atuava como comentarista, logo após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais em 2022.
Ela era famosa por sua posição a favor de Bolsonaro e, na época, acusou a emissora de “censura”, em meio a rumores de que haveria uma mudança no tom editorial, menos avesso ao PT e Lula.
Segundo reportagens na época, o nome da jornalista era citado em diversas representações encaminhadas pelo PT ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a emissora.
O Tribunal de Justiça de São Paulo chegou a condenar a Jovem Pan a indenizar o agora ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal), em R$ 25 mil por danos morais, após Graeml dizer que o advogado era “tão bandido quanto os clientes que defendeu”.
Em Curitiba, oficialmente o ex-presidente Jair Bolsonaro apoiava Eduardo Pimentel, cujo vice é do PL. Na reta final do primeiro turno, Graeml conseguiu uma autorização do uso de uma foto que tirou ao lado de Bolsonaro
A jornalista postou Bolsonaro sorrindo ao lado dela, numa comparação de outra foto com Pimentel, em que o ex-presidente está sério. “Ao bom entendedor uma imagem basta. Compare e tire suas conclusões”, escreveu.
Em entrevista à Gazeta do Povo, Bolsonaro disse que o uso da imagem reflete uma relação de afeto entre ambos. “Ela está autorizada a usar essa foto, como prova de que nós nos conhecemos e que temos um afeto um pelo outro, que transcende a questão político-partidária”, declarou.
Graeml é filiada ao Partido da Mulher Brasileira (PMB).
Entre os temas que abordou para Curitiba durante a campanha, Graeml falou sobre “devolver vida ao centro”, “implantar educação financeira e empreendedorismo nas escolas” e “implantar a trilha do resgate para moradores de rua”.