Noite histórica do Botafogo começou em mudança promovida pelo treinador na volta do intervalo. Entenda com imagens
Um jogo que será falado nos próximos 50 anos. Foi assim a goleada do Botafogo sobre o Peñarol, por 5 a 0, no jogo de ida das semifinais da Libertadores 2024. Sem exagero algum, um dos melhores jogos do Botafogo em sua gloriosa história e a maior noite vivida pelo torcedor do Fogo em seu estádio, o Nílton Santos.
O que ficará na história? Os três gols em quinze minutos, o total domínio no segundo tempo, o golaço de cobertura de Luiz Henrique e as chegadas de velocidade de Savarino. Foi muito, mas muito diferente do cenário no primeiro tempo, que deixou o torcedor do Fogo apreensivo. Afinal, o Peñarol dominou e assustou.
E o que explica a mudança da água para o vinho foi uma mudança tática promovida pelo treinador Artur Jorge na volta do intervalo.
Vamos entender no detalhe!
Primeiro tempo: Botafogo travado com Luiz Henrique cercado
Os minutos iniciais deixaram claro que a vida do Botafogo não seria fácil naquela etapa. Muito bem montado num esquema tático 5-3-2, o Peñarol veio para dificultar e travou o ponto forte desse Fogão: as chegadas em velocidade pelo lado direito, com Luiz Henrique.
O Botafogo joga num 4-2-3-1 que é quase um 4-2-4: o pelotão de frente sempre está próximo do gol. Alex Telles apoiava bastante pela esquerda e fazia Thiago Almada circular mais por dentro, quase como um meia. Já o resto do time espetava todo lá na frente, esperando uma bola no espaço para acionar o “modo correria” que quase ninguém consegue parar.
O problema estava justamente nesse “espetar”. Ninguém aproximava para tocar a bola rápido. Com isso, o Peñarol conseguia travar muito bem Luiz Henrique, com dois ou três cercando e afastando ele da área. A imagem deixa claro:
Luiz pega na bola e o cerco do Peñarol vem.
Savarino, Igor e Vitinho espetam e ficam de costas para o gol. Nenhum deles é uma opção de toque curto ao atacante
Outra imagem para ilustrar o Botafogo do primeiro tempo: Luiz Henrique recebe a bola. Olha o cerco do Peñarol: são dois nele, com um marcando Vitinho. Igor e Savarino se mandam para a área. Quem vai receber a bola perto do gol? Marlon, Gregore, Alex Telles, Almada…todos estão longe demais do camisa 7.
Segundo tempo: Luiz Henrique muda de posição e destrava o time
Era nítido que uma mudança seria necessária. E Artur Jorge mudou.
Ele alterou o posicionamento de Luiz Henrique e Marlon Freitas: os dois passaram a jogar mais próximos, na meia esquerda. Luiz continuava a receber a bola, mas ao invés de conduzir pelo lado, ele buscava o centro do campo, quase como um meia. Já Marlon foi liberado para apoiar e chegar no ataque, no mesmo setor de Luiz.
A imagem abaixo representa segundos antes do primeiro gol: olha como Luiz está mais acompanhado: Marlon está próximo e Savarino não está mais coladão lá na frente. Agora, ele se movimenta nas costas, nos espaços livres da defesa.
Um pouco de tatiquês: o Botafogo do primeiro tempo explorou muito pouco o chamado “espaço entre as linhas”, a lacuna que sobra entre defesa e meio no oponente. No segundo tempo, Savarino e Marlon jogaram nesse espaço, o que desequilibrou toda a defesa.
O primeiro gol foi fruto da mudança de Artur Jorge. O segundo, em um escanteio gerado por uma jogada assim. Aí a porteira abriu. Em quinze minutos, o Botafogo estava destravado e produziu a melhor atuação de um time brasileiro na temporada até o momento.
A mudança tática do português foi evidente nos gols e em jogadas que não deram em nada. Dá uma olhada na imagem abaixo: Luiz e Marlon novamente próximos. Enquanto os volantes do Peñarol marcam lá do outro lado, esses dois estão prontos para causar estrago na frente.
O futebol é muito dinâmico, e esse Botafogo gosta de emoção. Mas é difícil imaginar o Peñarol fazendo cinco gols no Uruguai. Ou seis, para levar a vaga.
Dá quase, quase para falar que o Fogão é finalista da Libertadores. E tudo começou numa mudança tática do treinador Artur Jorge.
Fonte: GE