Time tem muita posse de bola (66%), mas combinações que empolgaram torcida contra a Portuguesa não se repetem; mexidas foram preventivas, explica Vítor Pereira.
O Flamengo esteve muito abaixo do esperado no empate por 0 a 0 com o Madureira nesta quarta-feira, no Estádio Kleber Andrade, em Cariacica, no Espírito Santo. Jogou mal, mostrou-se lento e nada criativo. As últimas substituições de Vítor Pereira também foram questionáveis, mas ele as explicou em entrevista coletiva.
É cedo para se desenhar um cenário de alerta. Após apenas duas semanas de preparação com Vítor Pereira, o time principal entrou em campo duas vezes num intervalo de três dias. Isso com uma viagem no meio. Tais atenuantes, porém, não podem esconder que o Flamengo, apesar de ter sobrado na posse de bola (66%), não machucou o rival.
Quarteto sem brilho
Individualmente o Flamengo também esteve mal, e isso impactou no coletivo. O quarteto ofensivo pouco funcionou, e Arrascaeta foi o melhor deles. Pedro e Gabigol não conseguiram repetir tabelas, e os dribles de Everton Ribeiro não apareceram. O 7, inclusive, tentou forçar o jogo pelo lado direito com Varela, mas o uruguaio teve mais uma atuação muito discreta.
De acordo com o site Footstats, Varela foi o jogador mais acionado por Everton, com sete passes (veja na tabela abaixo). Ao ver a dificuldade do uruguaio no momento de abastecer os atacantes e também ao não passar no corredor direito nas horas corretas, David Luiz lançou-se ao ataque por diversas vezes.
Numa delas, aos 48 minutos do primeiro tempo, David fez o papel de lateral, gesticulou para o camisa 2 avançar e, ao não ver a ação ofensiva do companheiro, resolveu cruzar para a área.
Após o jogo, Vítor Pereira admitiu que o time esteve em outra rotação em relação à goleada por 4 a 1 sobre a Portuguesa, no último domingo. A única reclamação que fez foi sobre as constantes pausas provocadas por quedas de jogadores do Madureira.
- Circulamos de uma forma muito lenta. Movimentos de desequilíbrio e de acelerações não surgiram. No segundo tempo, poderíamos ter feito mais do que um gol, o gol não surgiu, e o adversário continuou abaixado atrás. Muitas quebras no jogo. Muitas quebras, muitas quebras, muitas quebras – afirmou.
Foram apenas cinco finalizações no primeiro tempo, uma única de perigo em cabeçada à queima-roupa de Léo Pereira após cruzamento certeiro de Gabigol.
Melhor chance e duas mexidas polêmicas
O Flamengo voltou do segundo tempo na mesma sintonia que no primeiro. Seguia com a bola no pé, mas sem saber como furar a forte retranca do Madureira, que picava o jogo com faltas e muitas paralisações por atendimentos.
Aos 17 minutos, as três primeiras mudanças: Matheuzinho, Matheus França e Everton Cebolinha substituíram Varela, Everton Ribeiro e Pedro respectivamente. A primeira troca se deu por opção técnica, já que o uruguaio não jogou bem mais uma vez. A do ponta pelo centroavante foi com o intuito de mudar o time taticamente e ganhar mais profundidade, fluidez e velocidade, algo que teria também com França.
Com o time todo muito abaixo, as mexidas não deram muito resultado. Os titulares é que protagonizaram a melhor chance do jogo, aos 28 minutos. Em contra-ataque, Arrascaeta deixou Gabigol na cara do gol, mas o 10 rubro-negro bateu na trave.
Aos 31, Vítor Pereira fez suas últimas duas trocas, e são elas que geraram o questionamento do torcedor. Marinho substituiu Ayrton Lucas e fez o torcedor lembrar dos tempos em que Paulo Sousa o escalava pela esquerda – o cenário é diferente agora. Já Mateusão entrou na vaga de Gerson, e o Flamengo voltou a ter uma referência na área.
Daí vem a pergunta: por que não manter Pedro em vez de colocar Mateusão, que ainda não fez um bom jogo na categoria profissional e carece de amadurecimento? Com a palavra, Vítor Pereira:
- Fundamentalmente estou preocupado com que o Pedro não se lesione. Pedro veio mais tarde (apresentou-se no dia 4), tem menos tempo de treino, e estou preocupado com que não se lesione por termos finais por jogar. E ele naturalmente não está no nível físico para jogar de três em três dias. Essa foi fundamental a minha preocupação.
Ayrton Lucas foi sacado pela mesma razão, e Marinho só entrou porque Vítor não levou outro lateral-esquerdo para Cariacica. Filipe Luís se recupera de lesão na perna direita, Marcos Paulo voltou para o time sub-20, e Ramon está em vias de assinar contrato válido por quatro anos com o Olympiacos, da Grécia, e se juntar a Rodinei.
Já nos acréscimos, o melhor jogador do Flamengo em campo proporcionou uma última – e boa – tentativa. Léo Pereira avançou e fez mais um bom lançamento longo – expediente que utilizara no primeiro tempo, mas que Varela não aproveitava. Matheus França raspou, e Gabi isolou.
Um 0 a 0 contra uma equipe que foi pressionada pelos reservas de um Vasco em reconstrução quatro dias antes é muito pouco para o poderoso elenco rubro-negro. Porém também é prematuro demais para apontar defeitos no Flamengo 2023. Sábado, às 16h, no Maracanã, o time principal volta ser colocado à prova, contra o Nova Iguaçu.
Fonte: GE Fla