O Jornal Nacional teve acesso ao local onde estão sendo atendidos os indígenas pela Força Nacional do SUS. Recomendação de 2021 do MPF em Roraima já apontava que pelo menos 52% das crianças Yanomami possuíam algum grau de desnutrição.
O Jornal Nacional teve acesso ao local em que a Força Nacional do SUS está atendendo os Yanomami.
São as primeiras imagens liberadas pelo Ministério da Saúde do atendimento aos indígenas Yanomami na Casa de Saúde Indígena em Boa Vista. É a Força Nacional do SUS, que com 12 profissionais está atuando na capital.
Uma lista de voluntários para reforçar o trabalho dessa Força Nacional de Saúde já chega a 30 mil nomes. As inscrições começaram no domingo (22).
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A Casai deveria abrigar no máximo 300 indígenas, mas segue atendendo pelo menos 700. O hospital de campanha da Força Aérea foi montado e deve começar a funcionar ainda esta semana.
Dentro da reserva, os indígenas relatam uma situação de completo abandono, de muita gente doente, com indígenas desnutridos, com pneumonia, malária e sem atendimento.
“Não tinha muito medicamento suficiente, não tinha estrutura boa, não tinha abastecimento de remédio na Terra Yanomami. Então isso faltou bastante nesse enfraquecimento de apoio do governo federal com o distrito Yanomami e Yekuana e que está cuidando da assistência de saúde”, diz Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami.
A crise humanitária dos Yanomami era um problema anunciado. O Jornal Nacional teve acesso a uma recomendação de 2021 do Ministério Público Federal em Roraima endereçada ao Ministério da Saúde, ao Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde, à Secretaria Especial de Saúde Indígena e à coordenação do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami.
O documento reforça os dados do distrito sanitário Yanomami. Já em 2021 pelo menos 52% das crianças Yanomami possuíam algum grau de desnutrição e mostra ainda a redução no número de profissionais médicos à disposição do distrito Yanomami. Eram 21 em 2019, 20 em 2020, 16 em 2021 e chegando a ter apenas 12 médicos atuando – praticamente metade do número considerado ideal.
O procurador do Ministério Público Federal em Roraima Alysson Marugal falou sobre a tentativa do governo federal de esconder a gravidade da situação na Terra Indígena.
“A Secretaria de Saúde Indígena naquele momento impedia que os Yanomami levasse a imprensa ao seu território para denunciar a situação de calamidade pública. Havia uma tentativa de ocultar o problema que o Ministério da Saúde sabia que era bastante grave”, afirma.
O Jornal Nacional não conseguiu contato com a gestão anterior do Ministério da Saúde.
Fonte: G1