A ministra dos Povos Indígenas visitou a Casai durante a manhã e concedeu uma coletiva de imprensa onde descreveu o momento atual como “de organização”. Neste domingo (5), a ministra visitará o Polo Base de Surucucum no território Yanomami.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, desembarcou em Roraima neste sábado (4) para acompanhar os trabalhos de combate à crise de saúde do povo Yanomami. Ela esteve na Casa de Saúde Indígena (Casai) e disse que a visita é para fazer “acompanhamento e entender como estão sendo organizadas as ações”.
Pela tarde, a ministra concedeu uma coletiva de imprensa no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami e destacou que o momento atual é para organizar as medidas que serão tomadas no combate à crise. O maior território indígena do Brasil passa por uma grave crise humanitária e sanitária em que dezenas de adultos e crianças sofrem com desnutrição grave e malária.
“Nós entendemos que é o momento do estado se fazer presente e por isso o Governo Federal tem já adotado algumas medidas emergenciais para que a gente possa em um prazo mínimo tirar essa situação do estado de calamidade sanitária”, disse a ministra.
Ela anunciou ainda que há o planejamento para reestruturar a base aérea de Surucucu para receber aviões de grande porte no território Yanomami. Neste domingo (5), a ministra visitará o Polo Base de Surucucu.
Ela também disse que há planejamentos para a instalação de um Hospital de Campanha também em Surucucu para atender os indígenas.
“Foi instalado essa base de atendimento na Casai e agora também já foi determinado a reestruturação da base aérea lá em Surucucu para que possa ter a condição de pouso para aviões de maior porte para levar inclusive mais alimentos e a infraestrutura para montar um Hospital de Campanha lá em Surucucu”, disse.
Durante a coletiva, foi informado que, ao todo, 223 pacientes retirados da terra Yanomami para receber atendimento em Boa Vista só em janeiro. Além disso, 601 indígenas estão na Casai, entre pacientes e acompanhantes e outros 50 indígenas estão internados nas duas unidades públicas da capital, o Hospital Geral de Roraima e o Hospital da Criança Santo Antônio.
Ela destacou a importância do combate ao garimpo ilegal, o qual ela descreveu como “a raiz do problema”. A ministra anunciou que será instalado poços artesianos e também de uma estrutura de cisterna para captar a água da chuva, também um sistema de comunicação para dentro das aldeias.
“Para que a gente consiga sair dessa situação de emergência de saúde é preciso combater a raiz que é o garimpo ilegal. Não é possível mais de 30 mil indígenas Yanomami siga convivendo com 20 mil garimpeiros dentro do seu território. Trazendo essa consequência da contaminação da água”.
“Estamos muito comprometidos a acompanhar de perto o combate a essa crise. É o momento da gente organizar, é o momento da gente criar essa sistematização entre nós. Esse momento ainda é para que a gente organize todo o nosso trabalho”, disse a ministra Sonia Guajajara.
Crise humanitária Yanomami
A Terra Yanomami tem mais de 10 milhões de hectares distribuídos entre os estados de Amazonas e Roraima, onde fica a sua maior parte. São cerca de 30 mil mil indígenas vivendo na região, incluindo os isolados, em 371 comunidades.
A presença do garimpo, principalmente nos últimos quatro anos, na gestão de Jair Bolsonaro, provocou a disseminação de doenças, levando a um cenário de crise humanitária.
Por isso, a região está em emergência de saúde desde 20 de janeiro e inicialmente por 90 dias, conforme decisão do governo Lula. Órgãos federais auxiliam no atendimento aos indígenas.
O Ministério da Saúde afirma que a gestão de Bolsonaro (PL) não cumpriu solicitações para atender os indígenas doentes nas comunidades e estima que 570 crianças morreram de causas evitáveis nos últimos quatro anos.
Segundo o Ministério dos Direitos Humanos, há 22 suspeitas de omissões do governo anterior no combate à tragédia Yanomami.
O Supremo Tribunal Federal apura se o governo Bolsonaro prestou informações falsas sobre assistências oferecidas ao povo Yanomami. O ministro Luís Roberto Barroso determinou que autoridades sejam investigadas por suspeita de crime de genocídio.
Quando foi deputado federal, em 1993, Bolsonaro propôs o fim da demarcação de terras para os Yanomami porque, dentre outros motivos elencados por ele, aquela região era rica em “madeiras nobres e metais raros”.
Fonte: G1