Mochilas com capacidade de armazenar e filtrar até 15 litros de água por vez chegam onde a água poluída causa diarreia, vômitos e verminoses. Tecnologia simples foi desenvolvida pela start up criada por jovens cariocas.
Um projeto inovador de tratamento de água está dando apoio ao enfrentamento da crise na Reserva Indígena Yanomami, em Roraima.
São sete horas de viagem até chegar às aldeias isoladas onde os yanomamis precisam de alimentos e remédios com urgência.
Um dos maiores desafios neste momento é garantir água potável para os indígenas. É aí que entra uma tecnologia simples desenvolvida pela start up Água Camelo, criada por jovens do Rio de Janeiro que o Jornal Nacional mostrou em setembro de 2021.
Uma mochila com capacidade de armazenar e filtrar até 15 litros de água por vez. Com apoio da Funai e da Central Única das Favelas, as mochilas estão chegando onde a água poluída causa diarreia, vômitos e verminoses.
“Você não consegue tratar a malária, a desnutrição, a fome, se não tem agua limpa para beber, para cozinhar, para dar remédio. Por isso, a gente capacitou agentes da Funai para levar esses equipamentos até as terra indígenas para serem aplicados em águas de igarapé mais alto ou em águas de poço artesiano, que tenham a contaminação microbiológica, que gera essas questões de verminose e bactérias ”, diz Daniel Ilg, da ONG Água Camelo.
Cinquenta kits foram distribuídos nos últimos dias por 30 aldeias yanomami, beneficiando com água tratada mais de mil indígenas. O problema é que isso não atende a demanda por água potável na região. A Funai pede mais ajuda. E o desafio agora para os próximos dias é instalar miniestações de tratamento de água com ajuda do equipamento.
O filtro é capaz de tratar mil litros de água por hora. Já foi instalado com sucesso em aldeias no Acre.
“A gente já está voltando nos próximos dias para Roraima para instalar em dois dos 32 polos estratégicos da Funai dentro do Território Yanomami. A gente também trabalha para expandir esse timpacto para outras regiões, não só dentro do território Yanomami.”, afirma Rodrigo Belli, outro integrante da ONG Água Camelo.
“Quando a gente faz o teste, quando pega o filtro, coloca uma água super-suja, passa pelo filtro e serve um copo de água translúcido, é o momento que eles ficam: ‘Nossa, agora a gente tem uma solução que faz sentido para a nossa realidade'”, comenta João Piedrafita.
Com a ajuda de empresas, a startup já distribuiu mais de mil mochilas com filtros em dez estados brasileiros. Sempre em lugares onde a falta água limpa provoca doenças e mortes.
Os três amigos que criaram o projeto têm a mesma idade: 25 anos. São jovens incomodados de viver no país do mundo com a maior quantidade de água doce, onde 35 milhões de pessoas não têm acesso regular à água potável. Inclusive os yanomamis.
“É o cenário mais crítico que a gente já viu, com certeza, de violência, de doenças, de fome, de falta de acesso a todas as questões básicas. É um sentimento de estar dentro de um grande movimento em prol de pessoas que são tão importantes, e que no momento estão sendo atacadas e precisam ser protegidas”, afirma Daniel.
Fonte: G1