1 Timóteo 2, 5-6 diz: “Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, o homem, que se entregou como resgate por todos. Tal é o fato, atestado em seu tempo”.
Muitos acreditam que a prática de orar aos santos e aos anjos vai contra a Bíblia, alegando que os católicos os fazem mediadores entre Deus e o homem, diminuindo ou substituindo, assim, o papel de Jesus como único mediador. Todavia, esta é uma interpretação falsa com relação à natureza intercessória destes colaboradores de Cristo.
No Antigo Testamento vemos que Moisés, Abraão e Jó intercederam em favor de outros, e até de um povo inteiro! O que é uma forma de mediação entre Deus e o homem. Sabemos que é aceitável pedir a outros aqui na terra que orem e intercedam por nós. É uma espécie de mediação entre Deus e o homem. Então, como entender corretamente a passagem da Bíblia, em 1 Timóteo 2,5-6, sem excluir os santos e os anjos?
Existe apenas um mediador entre Deus e o homem, o Homem Jesus Cristo. Agora observem a parte final do verso bíblico: “Jesus, o homem, que se entregou como resgate por todos. Tal é o fato, atestado em seu tempo”. Aqui fala da natureza única, singular, inigualável e insuperável da mediação de Cristo, a qual é privativamente de esfera divina — a nenhum outro foi concedida esta prerrogativa –, e soteriológica, ou seja, nenhuma criatura humana é capaz de operar a redenção do pecado do gênero humano, mas somente Deus, pelo insondável mistério da encarnação, via união hipostática da natureza divina com a humana: o Cristo Salvador!
Ora, já a mediação (intercessão) dos santos e anjos é de outra ordem: criatural, limitada, inferior e subordinada à universal, divina, sobrenatural e escatológica mediação redentora de Jesus, como membros do Corpo de Cristo. É deste modo que Ele nos permite participar de sua incomensurável mediação.
Não há contradições nas Sagradas Escrituras quando tais passagens são devidamente compreendidas em seu contexto. Jesus é o único Fundamento, Jesus é o único Senhor e Jesus é o único Juiz, mas nós somos membros do Corpo de Jesus. E os servos de Deus, membros deste Corpo, conservam perfeita harmonia e sincronia com a Cabeça, que é o Redentor e Dispensador de todos os dons e graças salvíficos!
Assim, podem os santos e os anjos, de acordo com as graças concedidas por Cristo, compartilhar, como auxiliares, ajudantes, o papel de Jesus como fundamento, senhor e juiz, assim como nas outras operações de Cristo. É próprio de Nosso Deus querer nossa participação em Sua divindade e vontade! Ele se compraz com a intercessão dos santos homens justos, conforme se vê em Jó 42, 7-9 onde o Senhor faz concessão à intercessão de Jó a favor de seus três amigos e não à oração direta Lhe dirigida por estes amigos do referido patriarca.
Outro exemplo é o de um pai que compartilha o papel de Deus como Pai, mediante Sua graça. E assim os santos e os anjos no Paraíso beatífico, participam e compartilham o papel de Cristo como Mediador. O Corpo intercede junto à Cabeça. Temos a revelação divina da intercessão no Céu dos santos justos diante, é claro, da Trindade Santíssima, em favor dos homens na terra, conforme 2 Macabeus 15, 12-16, isto é, a Igreja Celestial socorre por intercessão a Igreja Militante.
É nesta inextinguível caridade que há no Céu, entre os membros do Corpo Místico, que se funda a Intercessão dos Santos e dos Anjos (Ver 1 Coríntios 13, 8-13; Romanos 8,35-39; Hebreus 12, 1-2); tudo, evidentemente, em função de Nosso Senhor Jesus Cristo: o único Mediador da Salvação. E a Este que confessamos, louvamos, bendizemos e adoramos na Santa Missa!
