Na Missa presidida pelo patriarca maronita na abertura da Assembleia Sinodal das Igrejas Católicas do Oriente Médio, no Líbano: “O caminho sinodal busca fortalecer os vínculos de comunhão e participação, com o objetivo de realizar a missão da Igreja por um anúncio melhor e mais cheio do Evangelho”
A Igreja Sinodal é o barco que navega pelos mares deste mundo enfurecido pelas crises das guerras e suas calamidades, pelas tragédias dos povos pobres, deslocados e imigrantes, e pelas crises do ateísmo, das ideologias e do espírito materialista e consumista que distorce a fé e a sufoca no coração dos crentes, e das crises da educação teológica e moral contrária ao ensinamento da Igreja”.
A afirmação do cardeal Béchara Boutros Raï, patriarca dos maronitas, foi na homilia na Missa celebrada na Basílica de Nossa Senhora do Líbano em Harissa, na abertura da Assembleia Sinodal das Igrejas Católicas do Oriente Médio.
Inspirando-se na passagem do Evangelho que recorda a cena da tempestade no mar, o patriarca Raï recordou as palavras de Jesus diante do temor dos discípulos com o forte vendaval e as grandes ondas que ameaçavam virar o barco e o acordaram porque se sentiram em perigo: “Por que estais com medo? Ainda não tendes fé?”. “Jesus quis mostrar a primazia da fé, porque a fé é a base de todo milagre que Deus faz. Sem fé não há lugar para um milagre”, afirmou.
“A fé é um dom de Deus e uma virtude sobrenatural”, continuou ele. “A fé, para se manter viva, necessita da graça divina eterna. E nós, pela oração, pela prática dos Sacramentos e pela palavra de Deus, a reavivamos e alimentamos, vivemos-a por meio de nossas ações, comportamentos e vida. A fé não é apenas uma análise intelectual racional. A fé é a base para conhecer os mistérios de Deus. Quantos analfabetos vemos viver a fé mais do que muitos teólogos!”.
Salvação em Cristo
O cardeal continuou refletindo sobre o Evangelho, afirmando que o barco é a Igreja, civilmente é o Estado. Os discípulos são os pastores da Igreja e, civilmente, os funcionários políticos. Enquanto o mar é o mundo em seus aspectos vastos e limitados. Os ventos e as ondas são as dificuldades, as tribulações, as perseguições, as revoluções e os protestos.
“Nesta realidade eclesial e civil, não há salvação para nós senão por meio de Jesus Cristo, Salvador do mundo e Redentor do homem. E isso é o que Pedro declarou corajosamente diante dos chefes do povo e dos anciãos de Israel, depois de ter curado o paralítico no templo de Jerusalém, quando disse: “Se hoje somos interrogados a respeito do benefício feito a um enfermo, e em que nome foi ele curado, ficai sabendo todos vós e todo o povo de Israel: foi em nome de Jesus Cristo Nazareno, que vós crucificastes, mas que Deus ressuscitou dos mortos. Por ele é que esse homem se acha são, em pé, diante de vós. Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos”.
O caminho sinodal
Detendo-se sobre o caminho sinodal, o cardeal Raï explicou por fim que as várias consultas no mundo – primeiro com o documento preparatório nas dioceses e agora em nível continental, até a assembléia geral no Vaticano – buscam fortalecer os laços de comunhão e participação, com o objetivo de cumprir sua missão por meio de um melhor e mais completo anúncio do Evangelho de Jesus Cristo.
“Deus – pediu ao concluir – ajudai-nos com a intercessão de nossa Mãe, a Virgem Maria, Senhora do Líbano e Mãe da Igreja”.
Fonte: Vatican News