Gêmeas siamesas passam por 3ª cirurgia para separação de crânios no HC de Ribeirão Preto, SP

Brasil

Allana e Mariah, de 2 anos e 3 meses, são submetidas a procedimento neste sábado (10). Segunda cirurgia aconteceu em novembro de 2022 e durou 9 horas.

As gêmeas siamesas Allana e Mariah, de 2 anos e 3 meses, que nasceram unidas pela cabeça, são submetidas neste sábado (11), no Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto (SP), à terceira cirurgia para separação dos crânios.
Segundo o neurocirurgião Hélio Rubens Machado, um dos responsáveis pelo caso, o procedimento tem uma extensão um pouco maior do que o segundo e deve resultar na separação de três quartos da ligação existente entre as pacientes.
A previsão é de que as crianças sejam levadas ao centro cirúrgico às 6h30 e que a cirurgia comece até por volta das 7h30 com a anestesia. A expectativa é de que os trabalhos, que envolvem uma equipe de 40 profissionais, sejam concluídos até por volta das 17h.
O uso de tecnologias como realidade virtual e um neuronavegador serão importantes, segundo o médico.
“A expectativa para a cirurgia é que tudo corra bem e que a gente consiga realizar o que planejamos. O planejamento – como sempre – começou com bastante antecedência, desde a ressonância magnética feita 30 dias após a segunda cirurgia. A intenção é nunca ter surpresas e programar detalhadamente a cirurgia”, afirma Machado.
Segunda cirurgia
O último procedimento aconteceu em novembro de 2022, também no HC, e durou 9 horas – estiveram presentes 40 profissionais.

Na ocasião, veias do cérebro que liga as duas meninas foram seccionadas, o que deve ser repetido nesse novo procedimento. Em novembro do ano passado, o neurocirurgião Hélio Rubens Machado, disse que as meninas atingiram a metade do processo de separação.
“Nós planejamos quatro cirurgias para fazer a separação total. Na primeira, a gente separa um quarto, na segunda, a gente atinge a metade. A única diferença entre uma e outra é que a gente progride na separação da circulação cerebral das crianças”, contou Machado, em novembro.
O caso das meninas, que nasceram em Ribeirão Preto no dia 9 de dezembro de 2020, mas vivem com a família em Piquerobi (SP), é extremamente raro. A anomalia foi diagnosticada quando elas ainda estavam na barriga da mãe. Desde 2021, as irmãs são acompanhadas no HC.
Etapas
Allana e Mariah passaram pela primeira neurocirurgia em agosto do ano passado – o procedimento durou nove horas e meia. Três meses depois, elas foram submetidas ao segundo procedimento.
Além da cirurgia desse sábado, o cronograma divulgado pela equipe médica prevê outros dois procedimentos:
Quarta neurocirurgia em junho de 2023;
Cranioplastia no mesmo dia em junho de 2023.
Segundo o cirurgião plástico Jayme Farina Júnior, a equipe estuda a utilização de células-tronco para o aprimoramento da cranioplastia. No procedimento, a cabeça de uma criança é coberta pelo pedaço de pele doado pela outra.

Segundo caso de gêmeas unidas pela cabeça no HC
Este é o segundo caso de separação de gêmeas nascidas unidas pela cabeça acompanhado pelo HC de Ribeirão Preto.
Em 2018, após dois anos de acompanhamento e análise, Machado e Jayme Farina, chefe da Divisão de Cirurgia Plástica, comandaram a equipe que atuou na separação bem-sucedida das gêmeas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, que também nasceram unidas pelas cabeças.
Farina também faz parte da equipe que acompanha Alana e Mariah neste segundo caso realizado pelo HC.
As meninas, na época com 2 anos, encararam cinco procedimentos cirúrgicos inéditos no Brasil até serem definitivamente separadas em outubro de 2018.

A família retornou ao Ceará, estado de origem dela, em março de 2019, cinco meses após a separação.

Fonte: G1