Denúncia de médico do Rio Grande do Sul nas redes sociais levantou novas queixas de internautas que foram furtados e localizaram os aparelhos na mesma rua. Polícia diz que vai intensificar operações na região.
A Rua Guaianases, na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, é considerada um “ninho de celulares roubados” e já foi alvo de operações da Polícia Civil ao menos desde 2017.
A rua viralizou após o médico Henrique Lopes Pinho postar uma localização com diversos alertas de celulares furtados em São Paulo. Como o g1 mostrou, após fazer o rastreio do aparelho furtado de um amigo, ele percebeu que a geolocalização possuía comentários de centenas de outras vítimas de furtos cujos celulares foram parar no mesmo imóvel, na região da Cracolândia, na mesma Rua Guaianases.
A Polícia Civil, por meio de nota, afirmou que os locais mostrados pela reportagem do g1 desta quinta-feira (30) já foram alvo de operações, que serão “intensificadas”. (leia nota completa abaixo).
Nesta quinta-feira (30), o g1 localizou ao menos dois boletins de ocorrência envolvendo aparelhos levados por criminosos e encontrados na Rua Guaianases (leia mais abaixo).
Em 4 de maio de 2022, a Polícia Civil e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) fizeram uma operação conjunta para tentar combater a ação de falsos entregadores que estavam roubando e furtando celulares de pedestres.
Na época, a Justiça determinou o cumprimento de 24 mandados de busca e apreensão contra suspeitos de cometerem esses crimes.
Investigadores foram em prédios da Rua Guaianases, onde já havia suspeita de que os aparelhos celulares estavam guardados para depois serem revendidos.
Em 29 de maio do ano passado, a polícia realizou uma operação contra a receptação de celulares roubados com foco na mesma rua.
Foram aprendidos mais de 50 celulares, detidos 40 suspeitos, com três presos em flagrante.
Policiais fazem operação contra a receptação de celulares roubados no Centro de São Paulo neste domingo (29) — Foto: Roney Domingos/g1
Policiais fazem operação contra a receptação de celulares roubados no Centro de São Paulo neste domingo (29) — Foto: Roney Domingos/g1
Na época, o delegado da Delegacia Seccional Centro afirmou que a rua onde ocorre a operação é conhecida por ser destino de celulares roubados.
“Esta rua é conhecida porque muitas pessoas que têm os celulares roubados, ou furtados, os celulares, no serviço de rastreamento do aparelho, aparecem neste local. Então nós já apreendemos muitos celulares até agora e estamos levando pessoas que estavam com os celulares sem origem”, declarou.
Na ocasião, a ação tentava recuperar aparelhos levados na Virada Cultural.
Em 2019, a 1ª Delegacia Seccional de Polícia e o 3° Distrito Policial (Campos Elíseos) autuaram oito pessoas por de tráfico de entorpecentes, receptação, associação criminosa, corrupção de menores e uso de drogas, durante a Operação Guaianases. Ao todo, 62 pessoas foram conduzidas ao distrito.
Segundo apurado pelo g1, em ações anteriores da polícia receptadores de origem estrangeira não respeitavam ordem de comando e “iam para cima dos policiais”.
Em 2017, uma operação teve como foco desarticular o comércio de celulares furtados, vendidos em “feiras do rolo”. Os aparelhos roubados eram vendidos na região da Cracolândia, nas ruas Guaianases com a Rua Aurora e no Largo do Paissandu.
Na época, a Secretaria da Segurança Pública disse que as polícias Civil e Militar fizeram diversas operações para coibir o roubo e recuperar os aparelhos. Somente no Largo do Paissandu, foram apreendidos 80 celulares e 24 pessoas foram presas no mês passado.
Última operação
A Polícia Civil fez uma operação na região da Cracolândia na última quarta (28). Um homem foi preso, 53 celulares foram apreendidos, assim como 130 carcaças de aparelhos celulares e iPhones e iPads.
Os dois registros envolvendo aparelhos levados por criminosos e achados na Rua Guaianases são deste mês.
No dia 24, uma mulher de 28 anos, que não será identificada, registrou um boletim de ocorrência depois que teve o vidro do carro estourado na Rua do Glicério, no semáforo do cruzamento com a Rua Barão de Iguapé.
Dois homens se aproximaram do veículo, um do lado do passageiro e outro do lado do motorista. O homem do lado direito do veículo estourou o vidro do carro, agrediu a vítima com socos e fugiu com o aparelho. Ela localizou o celular por meio das buscas com a Apple que o celular estava na rua Guaianases.
Outra mulher ligou à polícia e afirmou que o aparelho furtado havia sido localizado no dia 21 de março na rua.
Nota Polícia Civil
“A Polícia Civil esclarece que os locais citados pela reportagem já são alvos de apurações, que serão intensificadas. A instituição vem realizando diversas operações para identificar e localizar os receptadores de celulares na região central da Capital. Em fevereiro, por exemplo, policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) realizaram a “Operação Off-line” em diversos endereços na rua citada. Os agentes recuperaram mais de 400 aparelhos celulares subtraídos e prenderam 17 pessoas pelos delitos de furto, roubo e receptação. Ainda, foram apreendidas duas adolescentes também envolvidas no esquema.
Na Capital, a “Operação Mobile” é realizada com o objetivo de combater esses crimes. Somente na região central, 203 celulares foram recuperados no primeiro bimestre, com 49 suspeitos presos em flagrante. A área também recebe a “Operação Resgate”, que resultou na prisão de 72 suspeitos por tráfico de drogas e crimes patrimoniais. No mesmo período foram apreendidos 84 aparelhos celulares roubados ou furtados. A Polícia Militar intensificou o patrulhamento na região, por meio da Operação Impacto, com 17 mil policiais nas ruas.
Com relação à Operação Unblocked, realizada por policiais civis do 27º Distrito Policial (Campo Belo), com o apoio da 1ª e 2ª Seccionais, no último dia 28, um homem, de 39 anos, foi preso em razão de um mandado de prisão preventiva. Durante as buscas, foram apreendidas 130 “carcaças” de celulares e 53 aparelhos. A investigação segue em andamento na unidade visando combater uma quadrilha que atua em roubos e receptações de celulares na cidade de São Paulo.”
Fonte: G1