Retrato de Dom João VI e Dona Carlota Joaquina. Obra de Manuel Dias de Oliveira, 1820. Museu Histórico Nacional.

Brasil

Este retrato é considerado por Mendes Ribeiro uma fantasia do pintor, pois na época em que estão representados os personagens não posariam tão amistosos juntos.

Em 8 de maio de 1785, com apenas dez anos, Cartola casou-se com o príncipe João VI de Portugal , segundo filho da Rainha Dona Maria I.

Em 1795 Carlota Joaquina tornou-se princesa consorte-regente de Portugal. Esta reviravolta combinou com o caráter ambicioso e por vezes violento de Carlota.

As ambições da espanhola desagradaram à nobreza portuguesa; Além disso, as desavenças conjugais de Carlota Joaquina passaram a assumir um caráter político.

Dom João VI descobriu em 1806 que Carlota Joaquina tramava uma revolta palaciana para tomar o poder, pelo que a expulsou do Paço Real de Mafra e a mandou em liberdade condicional para o palácio de Queluz , nos arredores de Lisboa

No Brasil, entre 1808 e 1812, Carlota Joaquina tentou substituir seu irmão Fernando VII como regente da Espanha enquanto este estava preso e a usurpação do trono espanhol por José Bonaparte . Carlota afirmou ser o único membro da família de Carlos IV que não foi preso pelos franceses.

Sua proximidade com o vice- reinado do Río de la Plata levou à criação de um partido carlotista em Buenos Aires , que buscava utilizar Carlota Joaquina para conseguir a independência do território do Río de la Plata, posteriormente Argentina . Com efeito, Carlota Joaquina também ambicionava tirar partido da invasão napoleónica de Espanha e assegurar um trono para si mesma na América do Sul ; reivindicou mais uma vez a prisão do pai e do irmão em França e acalentava a ambiciosa ideia de fugir às limitações que lhe eram impostas pelo marido português.

Após o Retorno para Portugal em 1821 D. João VI viveu no Palácio da Bemposta e D. Carlota Joaquina em Queluz.

Seu filho mais velho, Pedro I deixado para trás como regente no Brasil, foi proclamado e coroado em 1º de dezembro de 1822 como seu imperador independente. João VI recusou-se a aceitá-lo até ser persuadido pelos ingleses a fazê-lo, assinando em agosto de 1825 o Tratado do Rio de Janeiro pelo qual ele e Carlota Joaquina receberam o título honorífico de Imperadores do Brasil.

O seu Palácio ou quinta do Ramalhão é imputada enorme responsabilidade nos projetos dos principais levantamentos reaccionários dos anos 1820 (a Vilafrancada, de 1823, e a Abrilada, de 1824), que procuraram abolir o constitucionalismo, afastar D. João VI do governo e colocar no trono infante D. Miguel, seu filho direto, a quem ela educara.

Após a Vilafrancada, o rei acabou por suspender a constituição, prometendo não obstante para breve a convocação de novas eleições, a fim de se redigir um novo texto constitucional. Foi então buscar a esposa no retiro e durante alguns meses, reinou a harmonia entre os dois.

Pouco tempo depois, esta harmonia desfez-se, após o golpe da Abrilada, em que o infante D. Miguel tentou apossar-se do trono, com o auxílio de sua mãe, a verdadeira cabeça do partido absolutista em Portugal. Com o apoio dos embaixadores francês e inglês, D. João retirou-se para um vaso de guerra estacionado no Tejo, exonerou D. Miguel do cargo de generalíssimo do exército e ordenou-lhe o exílio; quanto à sua esposa, decretou que fosse desterrada para sempre para Queluz, nunca mais devendo aparecer na corte.

Dom João VI morreu em março de 1826. Alegando problemas de saúde, Carlota Joaquina se recusou a visitar seu leito de morte e acreditava que seu marido havia sido envenenado por maçons.

Durante o governo de D. Miguel, que ascendeu ao trono em 1828, não viria a ter papel relevante na governação daquele que fora, para muitos, o seu filho predilecto, pois faleceu em 1830 em Queluz.

Jaz no Panteão Real da Dinastia de Bragança, ao lado do seu desavindo marido, no Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa.

Fonte: Terra de Santa Cruz