Gol do Coritiba antes do intervalo muda configuração do jogo no segundo tempo, quando Vasco melhora, mas abusa dos cruzamentos e só consegue empate com ajuda do acaso
O Vasco teve mais posse de bola do que o Coritiba, na última quinta-feira, no Couto Pereira. Porém, isso não significou mais chances de gol. Pelo contrário, o time apresentou repertório ofensivo limitado e contou com o acaso para garantir o empate em 1 a 1 na quinta rodada do Brasileirão.
O time de Barbieri voltou a sofrer de um mal que o havia assolado em três dos últimos quatro jogos no Campeonato Brasileiro: o gol no fim do primeiro tempo. Assim como aconteceu contra Atlético-MG, Palmeiras e Bahia, o Vasco viu o Coritiba marcar nos minutos finais, o que mudou a configuração do jogo para a última etapa. Desta vez, a equipe ensaiou reação, mas tropeçou nas suas limitações.
Posse estéril
Criticado pelo passividade diante do Fluminense, na rodada passada, o Vasco aproveitou a fragilidade do adversário desta quinta, ficou com a bola em Curitiba e chegou a ter 75% de posse nos primeiros 10 minutos
Foi justamente quando o time deu sinais de agressividade e conseguiu as únicas três finalizações do primeiro tempo. Andrey e Robson mandaram para fora, e Pumita parou no goleiro Gabriel.
Do outro lado, o Coritiba aproveitou a saída dos cariocas para o jogo e levou susto logo aos 4 minutos, com Natanael exigindo boa defesa de Léo Jardim após Rodrigo tentar e não conseguir afastar. Foi esta a tônica da primeira etapa. Mesmo sem a bola, o Coxa criou chances mais claras e aproveitou a má noite do meio-campo vascaíno.
A partir dos 15 minutos do primeiro tempo, a posse do Vasco foi estéril. O time deu mais campo para o Coritiba e, quando recuperava a bola, errava na saída. Nas poucas vezes que foi à frente, tentou cruzar. Sem êxito. Alex Teixeira e Pedro Raul sumiram, e Pec se dedicou à marcação.
Andrey Santos e Rodrigo erraram muito. O Vasco não teve saída de bola com a dupla, que também não contribuiu na marcação. Um meio que não constrói e não marca foi prato cheio para o Coritiba se criar quando teve espaço. Cenário que, novamente, exigiu boas aparições de Léo Jardim.
O goleiro defendeu chutes de Boschilia e de Bruno Viana – este último aproveitando erro de Andrey na saída de bola, aos 38 minutos. Depois, Léo Jardim ainda impediu finalização de Natanael, aos 43.
Mas, em erro coletivo, o time não conseguiu ir para o intervalo com o empate. Andrey não marcou o corredor pelo lado esquerdo, obrigando Piton a sair para cobri-lo, e isso desencadeou uma série de buracos na marcação. Léo precisou sair da área para fechar a lateral esquerda, e Robson chegou atrasado para ocupar o espaço do colega, deixando Zé Roberto ganhar a frente e marcar, aos 48.
Falta de repertório
Pela quarta vez em cinco jogos no Brasileirão, o Vasco sofreu gol no fim do primeiro tempo, o que mudou o planejamento para a etapa final. Com o meio nulo e a necessidade de transformar a posse em chances, Barbieri leu bem o jogo, sacou Rodrigo e Andrey, os piores do time, e mandou três atacantes a campo no segundo tempo. A equipe melhorou com o dedo do treinador.
Alex Teixeira, primeiro como ponta e depois mais centralizado, não viu a bola. O jogo melhorou com Figueiredo e Erick Marcus juntos pelo setor que passou a ser mais explorado pela equipe. Com a vantagem, o Coritiba abaixou as linhas e cedeu mais campo ao Vasco. Em certos momentos, Léo aparecia quase como um volante ajudando na construção.
Galarza, que substituiu Andrey no intervalo, pisou mais no ataque do que no campo de defesa. E o paraguaio, apesar de alguns erros, teve papel essencial no resultado. Aos 4 minutos, tirou de cima da linha chute de Zé Roberto que já tinha vencido Léo Jardim. Aos 34, recebeu lindo passe de Orellano e cruzou na segunda trave, onde Erick Marcus estava bem posicionado para empatar.
A jogada foi bem construída, mas o gol em si teve um toque do destino. É inquestionável que o Vasco cresceu no segundo tempo e até poderia ter virado o jogo, mas faltou repertório ofensivo. O time insistiu nos cruzamentos, mas o Coritiba, com três zagueiros, cortou 99% das tentativas. O lance do gol contou com sorte, já que o cruzamento de Galarza bateu em Natanael e sobrou para Erick Marcus.
O Vasco foi previsível no ataque e pecou na construção por dentro. Única chance pelo meio foi um belo passe de Jair para Pedro Raul – ele chegou chutando cruzado, mas ninguém encostou para tocar na bola. Além dessa tentativa e do lance do gol, Orellano também finalizou bem ao receber na área e girar pra cima do marcador. Figueiredo e Pumita desperdiçaram cobranças de falta que poderiam levar algum perigo à defesa do Coxa.
Jair qualifica saída
Se as dificuldades do primeiro tempo e a falta de repertório na segunda etapa marcaram o jogo abaixo do Vasco, o time deixa Curitiba com um ponto positivo. Jair apareceu para o jogo como primeiro volante na parte final do confronto.
O volante, que tem como característica principal a qualidade do passe, não vinha conseguindo se destacar nos últimos jogos do Vasco. Sem Rodrigo e Andrey, o camisa 8 encostou nos zagueiros e qualificou a saída de bola no segundo tempo. Foi quem mais tentou criar no meio e acertou a maioria dos passes que tentou.
Com as limitações técnicas de Rodrigo e Andrey se juntando à Seleção sub-20 a partir desta sexta-feira, Jair surge como opção para fazer a saída de bola em jogos em que o Vasco tenha mais a bola.
O Vasco terá apenas dois dias para se recuperar e se preparar para o próximo compromisso. No domingo, às 16h, o time enfrenta o Santos, em São Januário, pela sexta rodada do Brasileirão.
Fonte: Ge