Seja um missionário dentro da própria casa e ajude a ACN Brasil

Igreja

A ACN (Aid to the Church in Need ou Ajuda à Igreja que Sofre) há 75 anos procura ser “uma ponte de amor entre os benfeitores em diferentes partes do mundo”. No Brasil, a fundação oferece auxílio pastoral para permitir que a Igreja chegue nos lugares mais remotos do país, como na Amazônia. Mas a ACN também atua de maneira relevante nos países onde há perseguição extrema aos cristãos, como na Nigéria.

Andressa Collet – Vatican News

“O que eu vejo é uma ACN cada vez mais necessária no mundo”, desabafa Ana Manente, presidente da ACN Brasil, uma fundação pontifícia com sede no Vaticano que tem por missão dar assistência à Igreja onde ela é mais carente ou perseguida:

“A ACN precisa crescer em número de ajudas possíveis, porque os pedidos que chegam são cada vez maiores. E a ACN é uma fundação pontifícia, mas não tem um dinheiro que vem do Vaticano.”

“O dinheiro que vem para a ACN fazer esses mais de 5 mil projetos por ano no mundo inteiro vem da contribuição de pessoas como eu e como você que nos escuta. São essas contribuições que fazem essa ajuda chegar na ACN, a enxugar essas lágrimas de Cristo onde ele chora ainda hoje. E para ajudar dessa forma, o jeito mais fácil é entrar no site acn.org.br.”

Ajuda à Igreja que Sofre no Brasil
A presidente, ao incentivar a ser missionário a partir da própria casa, descreve a ACN (Aid to the Church in Need ou Ajuda à Igreja que Sofre) como “uma ponte de amor entre os benfeitores em diferentes partes do mundo” que já dura 75 anos. Só no Brasil, a fundação está presente desde os Anos 60 com uma forte característica de auxílio pastoral para permitir que a Igreja chegue nos lugares mais remotos do país. Sobretudo, conta Ana Manente em entrevista a Silvonei José, lá onde a população mais sofre, ou seja, no nordeste do país com uma miséria extrema.

“É um lugar onde se sofre muito de fome. Há muita fome na Amazônia. Numa realidade muito dura e onde a ACN está muito presente, ajudando os bispos a levar a Palavra de Deus para todas as comunidades mais distantes. Então, são barcos permitindo que os bispos cheguem mais longe e rápido e com menor custo de combustível; material catequético, com a Bíblia da Criança (são mais de 51 milhões de exemplares distribuídos no mundo, inclusive impressas em línguas indígenas no Brasil), ajudando na forma de evangelizar na própria língua da comunidade. Tem muita bolsa de estudo para seminarista, para catequista, para formação continuada do clero; ajuda para as religiosas fazerem um trabalho social maravilhoso Brasil; tem construção de igrejas e capelas; e etc.”

A liberdade religiosa no Brasil
A ACN ajuda, então, com “toda forma que a Igreja local entende como necessária para a evangelização”. Além disso, a atuação tem se destacado junto aos cristãos perseguidos no mundo. A cada dois anos, um relatório é divulgado pela fundação pontifícia sobre a liberdade religiosa em 196 países. A versão deste ano será lançada em junho: é o único relatório católico que abrange o mundo inteiro e dá uma fotografia de como é a realidade dos católicos perseguidos em cada país, explica Ana, de onde saem diferentes cenários, de intolerância religiosa à discriminação e casos extremos como genocídio.

Ao falar do Brasil, a presidente confirma que é um país com liberdade religiosa, sim, “mas vemos alguns atos de intolerância importantes, sobretudo contra locais de cultos e religiões de matriz africana em algumas regiões específicas, como nas favelas do Rio de Janeiro e nos estados mais ao norte do país”. Mas a presidente da ACN Brasil faz uma ponderação:

“A intolerância religiosa não começa do dia para noite, não é assim: a partir de amanhã terei um cenário de intolerância religiosa ou uma discriminação religiosa no país, não. São pequenos atos que deixam de ser pequenos e isolados, e passam a se tornar mais frequentes. E há uma mudança cultural e na percepção – às vezes – das próprias vítimas. A gente tem que começar a aceitar esses atos de violência pontuais, continuar se indignando com cada cenário desses, com cada menina que às vezes é apedrejada por estar vestindo uma roupa depois de um culto de candomblé e de umbanda, por exemplo. Isso tem que ser sempre de uma indignação constante, não se pode deixar de lutar contra essas realidades.”

Os cristãos perseguidos na Nigéria
Uma situação extrema acontece na Nigéria, recorda Ana Manente, presidente da ACN Brasil, onde uma onda de extremistas radicais querem formar um “califado transcontinental”. O país tem sido abalado pela violência e pelo crime. A religião é muitas vezes a força motriz ou, pelo menos, um fator significativo. A situação é marcada por tensões intercomunitárias e interétnicas, insurgências islâmicas, lutas por terras e uma onda de sequestros.

“A África vem sendo o palco das maiores atrocidades contra cristãos. É um barril de pólvora aquela África.”

“E, dentro da África, a Nigéria é o país mais populoso, que tem muitos cristãos. A maioria ainda é muçulmana no país, mas 46% é cristão. Então, um país de 200 milhões de habitantes não é pouca gente que a gente está falando. São quase 100 milhões de cristãos na Nigéria, que sofre ataques por todos os lados. Nos últimos 10 anos a situação dos cristãos ficou muito pior: a gente tinha o Boko Haram atuando no nordeste do país, que deixa rastro de destruição muito profundo nestes últimos 20 anos. Eles declararam que querem banir o norte da Nigéria de qualquer presença cristã.”

Além deles, Ana faz um mapa do terrorismo naquela região indicando que o sul acaba sendo o mais protegido – e onde há maior concentração de cristãos, mas no noroeste da Nigéria atua o Estado Islâmico e, na faixa central do país, a etnia dos fulani – dividida em duas facções: dos pastores nômades e dos bandidos urbanos que são extremistas radicais islâmicos.

“Eles chegam devastando as aldeias e as cidades, botando fogo em tudo e matando todo mundo que eles encontram pela frente; às vezes uma menina ou outra sobrevive e é levada como escrava. Uma coisa brutal, demoníaca a forma como eles atuam nesses vilarejos com as crianças.”

A fundação pontifícia está empenhada em ajudar a Igreja local em seu alcance pastoral e emergencial. Mas, com essa perseguição religiosa extrema na Nigéria, os pedidos para a ACN são cada vez maiores:

“Eles não têm para quem gritar. Eles estão fechados. Então, é a gente como a ACN, enquanto comunidade internacional, atenta a isso, para levar esse grito deles para fora do país e pedir uma pressão de todas as autoridades que pressione o governo nigeriano a dar voz e dar espaço para a liberdade religiosa.”

Fonte: Vatican News