Alvinegro é o líder do Campeonato Brasileiro com sete vitórias em oito jogos
Aí vai uma pergunta que pode ser difícil: o Botafogo é uma equipe que propõe jogo? Ou um time marcado por jogadas em velocidade, um caráter mais reativo? Luís Castro falou sobre o estilo de jogo do líder do Campeonato Brasileiro após a vitória por 2 a 0 sobre o América-MG, no último domingo.
- Se nós quisermos rotular, o Botafogo é equipe que se lança estrategicamente dentro do jogo, que tem que perceber quais são os pontos fortes do adversário, que não se importa a pormenor o que devemos fechar ou aproveitar e que caminhos devemos explorar no momento defensivo e ofensivo. É fácil, não é tão complexo – afirmou o português.
O jogo do Botafogo é, sim, complexo. É impossível bater o martelo se o time é “reativo” ou “propostivo” porque a equipe tem diferentes características de se comportar em campo, sempre indo de acordo com o adversário que está do outro lado. Contra alguns rivais, bota a bola no chão e roda a bola até achar uma brecha na defesa. Diante de outros, abre mão de ter o controle da posse para agredir nas transições em velocidade.
Definir um jogo de posse ou um jogo de ataque rápido são dois mundos que existem dentro do próprio e que nós felizmente conseguimos coabitar muito bem dentro deles.”
É uma posse de bola objetiva. A meta do Alvinegro é o gol e o time não perde tempo para tentar chegar à meta adversária. Seja como for – por toque no chão ou poucos passes em um contra-ataque fulminante -, o Botafogo quer resolver a própria vida com pressa.
- Na sociedade habituamos a rotular. Aquilo é bonito, aquilo é feio, aquilo é bom, aquilo é mau… Quando não acontece isto, fica um pouco difuso, acontece uma confusão. Nós temos uma forma de estar em campo. Quando temos espaço para ir ao gol, vamos. Quando estão mais fechados, circulamos de fora para dentro para o corredor central. Não tem espaço? Tocamos para o lado. Chegamos lá, não entrou? Roda e continua. Tocamos até conseguirmos entrar – analisou Castro.
Como ataca
Algumas características, claro, são presentes independentemente de como o time esteja se comportando em relação ao rival. A equipe de Luís Castro “alarga” o campo e tem presença nos flancos, seja com um lateral ou ponta. Um fica preso na lateral do campo, enquanto o outro ataca em diagonal, aumentando as opções pelo meio.
Dos oito jogos do Campeonato Brasileiro, o Botafogo só teve mais posse de bola contra Corinthians, Goiás e América-MG – duas vitórias e uma derrota neste recorte. Nos jogos que teve menos a bola que os adversários, cinco triunfos em cinco partidas. É um time que não necessariamente precisa ter a bola para agredir o rival.
- Em alguns jogos há equipes que dão mais espaços e temos que fazer ataques rápidos e outras que não dão menos espaços e temos que fazer circulação de bola. Nós não precisamos ter muito a bola para chegar à baliza, o que nós queremos é, quando termos a bola, chegar à finalização e provocar o máximo de agressão ao adversário.
No ataque, é impossível falar de Botafogo sem pensar em Tiquinho Soares. Não apenas pelo gols, mas o artilheiro do Brasileirão é importante para a criação de jogadas. O camisa 9 geralmente se posiciona no lado esquerdo do ataque, e, com o pivô, abre espaço para um dos pontas entrar no corredor e bagunça o desenho defensivo adversário.
É um atacante que sabe interpretar espaços e joga fora da área, justamente complementando o que Luís Castro quer: quando tiver a bola, um atleta para contribuir na criação; sem a posse, um jogador para ser ativo no pivô e gerar vantagens na bola aérea.
Como defende
O Alvinegro quer resolver as jogadas de forma objetiva mas, ao mesmo tempo, não quer que o adversário tenha a bola. A pressão na saída de bola e o comportamento da linha defensiva em linha alta são os marcos do Botafogo sem ter a posse.
O time de Luís Castro é o que tem a maior média de interceptações no Brasileirão – 11.9 por partida – e a terceira equipe que menos concede chutes ao adversários por duelo (11). O time não foi vazado em quatro dos oito jogos.
- Quando perdemos a bola, o primeiro comportamento é reagir para tentar recuperar. Não conseguimos, montamos o nosso bloco, não temos pânico e ficamos tranquilos – Luís Castro.
O Botafogo é um time compacto pelo o que se propõe a fazer: diminuir o raio de ação dos adversários no meio-campo e buscar o desarme. O time já sofreu – e muito – com a linha alta, mas a defesa está mostrando uma evolução jogo após jogo.
É difícil decifrar o Botafogo, um time “camaleão”. Se tiver que colocar a bola, irá fazê-lo. Se for para ser um jogo de transição, as pontas estão capacitadas com Júnior Santos. E assim a equipe comandada por Luís Castro segue.
Fonte: Ge