Estreia mostrou a mesma base da equipe no Brasileirão de 2022. Reforços mostram que treinador quer ampliar o leque de jogadas no ataque.
O torcedor do Fluminense tem razões de sobra para acreditar num ano novamente de alta para o “Dinizismo”.
A equipe jogou bem na estreia do Campeonato Carioca, vitória de 2 a 0 no Resende, e Fernando Diniz mostrou que quer encaixar os reforços dentro do jeito de jogar que foi estabelecido em 2022. Por enquanto, nada de mudanças bruscas. O tom do ano será manter o que já era forte e ampliar o repertório ofensivo do time, que volta a campo nessa terça (17), contra o Nova Iguaçu.
O primeiro sinal do que Diniz quer veio na escalação. O Fluzão jogou na estreia com Fábio, Samuel Xavier, Nino, Manoel e Calegari; André e Martinelli, Yago, Ganso, Jhon Arias e Germán Cano, no mesmo 4-2-3-1 que o treinador usou ano passado.
A saída curta com o goleiro e o time se aproximando para gerar linhas de passes curtas, um dos elementos mais famosos do jeito de jogar de Diniz, aconteceu o jogo inteiro e deve se repetir contra o Nova Iguaçu. Fabio pegava na bola e os zagueiros se aproximavam, assim como Samuel Xavier. Os três jogadores do meio também se movimentavam perto, criando uma zona onde fica fácil tocar a bola.
Os reforços irão se encaixar nesse modelo de jogo. Jorge é considerado um lateral com boa condução e visão de jogo, e jogou mais pelo meio com Jorge Sampaoli no Santos. O mesmo com Guga, que fez essa função também com Sampaoli no Galo. Os dois laterais foram escolhidos por Diniz justamente por essa boa relação com a bola que é fundamental para a saída curta funcionar: quanto mais inteligente e rápido o jogador for ao tocar, melhor o time flui.
Abaixo, um exemplo de Jorge jogando mais por dentro, com mais opções de passe, no Palmeiras.
A saída curta é apenas uma forma de sair jogando. Diniz já disse que quer ampliar o repertório e colocar outros tipos de saídas a partir lá de trás. O Resende muitas vezes bloqueava esses passes e Fábio saía pelo alto, com ligações diretas. Não há radicalismo: se o contexto pedir uma saída mais rápida ou pelo alto, o Flu pode usar isso a seu favor.
Bola longa sempre foi parte da nossa estratégia do jogo. É um equívoco achar que a gente só joga com bola curta. Como o campo estava ruim nós fizemos isso. Esse (Resende) é um time que já estava treinando há algum tempo e havia feito quatro amistosos, nós acompanhamos todos para montar a estratégia para hoje. Toda vez que for melhor fazer bola longa nós vamos fazer bola longa
— Fernando Diniz falou sobre a bola longa em coletiva após a estreia no Carioca
Repertório e toque de bola
Ampliar o repertório de jogadas com a posse de bola é uma prioridade do ano. Apesar de ter mais a posse e controlar o jogo nos dois tempos, o Fluminense chegou aos gols em jeitos que não são tão associados ao “Dinizismo”: com um contra-ataque e uma bola parada (o pênalti).
Os reforços do ano podem ampliar esse repertório. Tido como um ponta driblador, Keno jogou muitas vezes como meia construtor no Atlético-MG e entrou no segundo tempo nessa posição, que John Arias executa tão bem. Arias foi novamente destaque e se movimentou por todo o campo. Mas quando o Resende estava desorganizado, ele buscou ampliar o campo e conduziu o contra-ataque do primeiro gol.
Keno e o meia-atacante Giovanni Manson chegaram ao Flu para ampliar esse leque de jogadas e dar qualidade ao toque de bola tão evidente na equipe. Assim como em 2022, o Flu sai com o goleiro, e quando chega na próxima etapa do ataque, a construção, a ideia é concentrar jogadores num mesmo setor e ter superioridade numérica por lá.
Arias foi muito importante no ano passado porque gerava, em ambos os lados, essa superioridade. Keno fez isso no segundo tempo, e Manson foi elogiado por Diniz por ter essa característica em sua base.
O Flu enfrenta o Nova Iguaçu nessa terça (17) e depois o Madureira no domingo. Mas o grande teste para o Dinizismo será contra o Botafogo, no dia 29 de janeiro, no primeiro clássico do ano.
Fonte: GE